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Série Touros

Em uma breve busca usando a palavra “Bull” que é Touro em inglês, em um grande site de vídeos pornográficos, constatei só até (onde eu olhei) que os 20 primeiros vídeos relacionados a esta palavra, eram de homens negros denominados black bulls, touros pretos, fazendo sexo com mulheres brancas.

No mercado pornográfico a palavra Bull/Touros faz referência a machos alfa (comedores), que aparecem principalmente em filmes com personagem Cuckold, que faz referência ao pássaro “cuco”, cujo macho, aceita e abriga em seu ninho uma fêmea promíscua, aparentemente não há compromisso entre os casais. Assim,”cuckold” é o nome que se dá à prática onde um homem sente tesão em ver sua parceira transando com outras pessoas aqui, chamadas de “bulls”, “touros”.

Essa fantasia, à primeira vista, não parece nada ruim para nós homens pretos, pois vivemos em uma sociedade onde a masculinidade precisa ser afirmada sempre. 

Quantos de nós já ouvimos um “e ae tripé” ou “negão é foda, Oó o tamanho”? 

Sermos vistos como viris e bem dotados, não nos deixa ver a animalização de nossos corpos, o abuso e a ideia por detrás desta fantasia. Eu como homem preto já gostei muito dessa ideia, que reforça estereótipos, mitos que a séculos nos coloca no lugar do não humano, de animal de carga, animal sem controle violento e sexual, lugar de escravo reprodutor. Ideia que tantas vezes nos criminalizou e criminaliza, pois além de bandidos natos, já fomos e somos acusados de estupradores por natureza. Identificando-nos também, como uma ameaça à masculinidade do homem branco, ameaça essa que precisa ser exterminada.

Ideia essa que nos isola de forma real e, quase de forma natural, em um lugar onde não podemos ter caráter, aspirações, competências, medos, muito menos inteligência e afeto. Onde devemos ser apenas “Touros” bem dotados para a reprodução, satisfação, e abate.